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As blockchains de segunda camada — também conhecidas como layer 2 ou L2 — do Ethereum (ETH) têm ganhado força ao oferecer escalabilidade à rede principal. 

Nos dados de DefiLlama e L2Beat, o valor total alocado (TVL, na sigla em inglês) nas L2 do Ethereum já representa 41% do total registrado dentro de contratos inteligentes da mainnet.

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A ideia de processar transações de forma mais ágil, ao mesmo tempo em que oferece aplicações descentralizadas (dApps) dentro do ecossistema Ethereum, é a atual aposta de escalabilidade para o “computador da internet”.

Embora possuam a mesma finalidade, essas L2 apresentam formas diferentes de oferecer escalabilidade para o mainnet do Ethereum.

A Arbitrum, por exemplo, oferece duas soluções distintas dentro do seu leque de serviços: os protocolos Rollup e AnyTrust. 

Blockchains desenvolvidas usando o protocolo Rollup lidam com a execução de transações, tirando este fardo do Ethereum, ao mesmo tempo em que envia os dados referentes a estas movimenações, regra geral, diretamente para a mainnet.

Um exemplo é a Arbitrum One, comumente chamada apenas de Arbitrum, que é a blockchain de segunda camada com maior TVL atualmente. 

Já a AnyTrust é uma camada de disponibilidade de dados, utilizada para reduzir o fardo de acúmulo de informação de outras blockchains. Para isso, a AnyTrust usa o coletivo chamado Data Availability Committee (DAC) para armazenar os dados das transações. 

O comitê, atualmente composto por seis membros na Arbitrum Nova, fornece dados somente quando alguma das redes ligadas à AnyTrust demanda. 

Além disso, o DAC funciona com base no modelo “N-1”, onde N é o número total de membros. Dentro deste modelo, presume-se que pelo menos dois dos membros do comitê são honestos.

Desta forma, se cinco dos seis atuais membros do DAC fornecerem acesso aos dados solicitados por outra blockchain, ao menos um deles é presumidamente honesto.

Ao fornecer dados somente quando requisitada, eliminando a necessidade de pagar taxas a todo momento, a AnyTrust reduz custos e agiliza as transações. Esse modelo exige, porém, confiança moderada no comitê. 

A Arbitrum Nova é um exemplo de rede criada utilizando a solução AnyTrust.

Ecossistemas conectados e L3

Como as soluções oferecidas pela Arbitrum demonstram, as L2 do Ethereum passaram a criar infraestruturas sobre as quais outras blockchains podem ser construídas.

Esse movimento é motivado pelos casos onde a criação de um dApp sobre uma blockchain nem sempre é a melhor escolha. A solução é, então, criar uma blockchain de aplicação específica, também conhecida como appchain.

Essas blockchains podem ser outras redes de segunda camada, ou podem ser construídas sobre estruturas já existentes, tornando-se blockchains de terceira camada.

A Superchain é um bom exemplo de ecossistema de appchains. Desenvolvida pela Optimism, a Superchain oferece ferramentas para que outras blockchains sejam construídas e se conectem de forma simples. 

É importante ressaltar, contudo, que esses ecossistemas não abrigam somente appchains. A Base, por exemplo, é uma blockchain generalista construída através das ferramentas da Superchain. 

Exemplo de como funciona a Superchain da Optimism. Imagem: documentação oficial

Além disso, a Elastic Chain da zkSync adota uma abordagem semelhante, conectando diferentes blockchains construídas em seu ecossistema. 

Exemplo de como funciona a Elastic Chain da zkSync. Imagem: documentação oficial

Apesar de cada um dos projetos apresentar propostas distintas, a ideia de interoperabilidade e infraestrutura para criação de outras redes se mantém em todos eles.

No caso da Arbitrum, esse movimento de oferecer uma infraestrutura para criação de blockchains se reflete na criação da Orbit, que visa oferecer liberdade para desenvolvedores e projetos. 

Exemplo de como funciona o ecossistema Orbit da Arbitrum. Imagem: documentação oficial

O que é a Orbit? 

Arbitrum One e Arbitrum Nova são redes públicas, exemplos da utilização dos protocolos Rollup e AnyTrust. Essas ferramentas, no entanto, estão disponíveis para outros projetos que queiram criar suas próprias redes.

Portanto, é daqui que surge a proposta da Orbit, um ecossistema que permite a criação de blockchains dando controle aos desenvolvedores sobre aspectos como governança, provas a serem utilizadas 

A Orbit é uma infraestrutura criada no ecossistema da Arbitrum, que tem como objetivo facilitar o desenvolvimento de blockchains de segunda e terceira camadas.

O conceito principal é proporcionar maior modularidade, escalabilidade e interoperabilidade para soluções que exigem maior personalização, sem sacrificar a segurança e os benefícios trazidos pela Arbitrum Nitro, a camada de consenso e execução que impulsiona a L2 da Arbitrum. 

Além disso, a Orbit permite que as blockchains criadas dentro do seu ecossistema se comuniquem sem atrito.

Esquema mostrando as diferentes aplicações do ecossistema Orbit. Imagem: Arbitrum

Para a construção de blockchains, sejam elas generalistas ou appchains, a Arbitrum Nitro fornece a camada para execução de transações. O restante, no entanto, pode ser completamente descentralizado pelos desenvolvedores.

É possível, por exemplo, utilizar a Arbitrum Nitro para execução de transações e guardar os dados referentes a elas na Celestia, uma blockchain modular famosa por oferecer o serviço de disponibilidade de dados.

Além disso, outros pontos personalizáveis incluem account abstraction, acesso permissionado — o que torna a blockchain privada — e token para pagamento de gas que não seja ETH.

De acordo com o site oficial da Arbitrum, a Orbit atualmente conta com 24 blockchains em fase de mainnet, cerca de 467,000 carteiras conectadas, quase 200 desenvolvedores e US$ 243 milhões movidos para dentro do ecossistema.

Dados sobre o ecossistema Orbit. Imagem: Arbitrum

A ApeChain é um dos exemplos mais conhecidos de blockchains desenvolvidas através da utilização da Orbit. Trata-se da rede criada pela Yuga Labs, mesmo estúdio por trás da coleção de tokens não-fungíveis (NFT) Bored Ape Yacht Club.

Em termos mais técnicos, a ApeChain é uma blockchain de terceira camada baseada no serviço AnyTrust, e é utilizada para guardar os dados das aplicações desenvolvidas pela Yuga Labs. O token APE é utilizado para custear as interações na rede.

Outro exemplo é a rede XAI, blockchain de terceira camada focada no desenvolvimento para jogos em blockchain. A XAI também usa o modelo AnyTrust, e baseia sua estrutura no seu token, que tem o mesmo nome da rede. 

Como a infraestrutura da Arbitrum abastece outras estruturas. Imagem: Ancient8/jetherean27

Além da AnyTrust, a Offchain Labs, entidade por trás da tecnologia da Arbitrum, também fornece a infraestrutura de rollup da XAI.

Com uma abordagem voltada às finanças descentralizadas, mais especificamente à tokenização de ativos do mundo real (RWA, na sigla em inglês), a Plume Network é mais uma das redes desenvolvidas na Orbit que já se mostra em estágio de mainnet.

Durante uma conversa com a Modular Crypto, os membros do time da Plume afirmaram:

“Construir na arquitetura modular do Orbit tem sido uma experiência notavelmente fluida. Suas ferramentas para desenvolvedores e integrações pré-construídas nos permitiram implementar perfeitamente as principais funcionalidades da Plume, possibilitando a integração rápida de mais de 175 projetos RWAfi. A modularidade do design da Orbit permitiu que nossa equipe iterasse e implantasse rapidamente, acelerando nossa velocidade de desenvolvimento sem comprometer a qualidade.”

Além disso, eles afirmam que a infraestrutura disponibilizada pelo ecossistema Orbit “reduziu significativamente o fardo técnico das operações de rede.

Em outras palavras, o fato de já existir uma infraestrutura permitiu que o time da Plume focasse em aprimorar a experiência do usuário e acelerar o lançamento de projetos relacionados ao ecossistema de RWA. Eles completaram:

“Esse foco simplificado na inovação de produtos, em vez da gestão de rede, tem sido um fator chave na nossa rápida trajetória de crescimento.”

Em relação ao que esperar do ecossistema Orbit, os representantes da Plume elencaram diferentes fatores. 

O primeiro deles é a interoperabilidade entre blockchains oferecida pela Orbit, que serve como um fator importante para que o projeto desbloqueie “todo o potencial da tokenização de ativos do mundo real”.

Exemplificando o que significa “desbloquear o potencial de tokenização”, o time da Plume explica que a interoperabilidade oferecida expande a liquidez, tornando possível transacionar em múltiplos ambientes descentralizados.

Outro ponto levantado pelo time da Plume é a escalabilidade da Arbitrum, que permite a implementação de aplicações descentralizadas de alto desempenho. Por isso, conforme o ecossistema descentralizado se desenvolve, as ferramentas para escalar as aplicações construídas na Orbit se mostram presentes.

“A capacidade de lidar com tarefas computacionalmente intensivas é crucial para o futuro do RWAfi, onde transações escaláveis, seguras e contínuas são a base da próxima onda de infraestrutura financeira descentralizada.” 

Por fim, o terceiro ponto que deixa o time da Plume animado com o futuro da Orbit é a forma como o ecossistema se apresenta como um parceiro estratégico.

“A arquitetura da Orbit é fundamental para realizar nossa visão de um ambiente dinâmico e multi-chain RWAfi que se adapta à demanda do mercado.”

Conclusão

As blockchains de segunda camada surgiram para solucionar problemas de escalabilidade enfrentados por redes de gerações anteriores. Essa solução, contudo, se mostrou limitada em alguns fronts rapidamente.

Por isso, soluções como o ecossistema Orbit surgiram para favorecer a criação de blockchains destinadas a aplicações específicas, ainda que também possam ser utilizadas para a criação de redes generalistas.

A liberdade conferida por propostas como a Orbit, também vistas em outras blockchains de segunda camada, é um forte ponto positivo para lidar com desafios futuros relacionados à indústria blockchain.

Personalização de taxas, camadas de disponibilidade de dados, camada de execução e até mesmo mecanismo de segurança dá aos desenvolvedores maior liberdade no lançamento de novos produtos.

Por fim, os comentários do time da Plume Network destacam que infraestruturas como a Orbit permitem que times que operam de forma “enxuta” se preocupem com o desenvolvimento de novos produtos, voltados a prover uma boa experiência ao usuário.

Antes de terminar, gostaríamos de lembrar que o conteúdo discutido aqui é estritamente informativo e destinado a fomentar a discussão geral. Não deve ser interpretado como recomendação financeira, fiscal ou conselho de vida para qualquer indivíduo. Encorajamos fortemente que você faça sua própria pesquisa e consulte profissionais qualificados.

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